domingo, 16 de outubro de 2011

Devolver a Deus o que é de Deus é libertar seu povo

Apoiados no Platonismo, de que o homem é alma e corpo, este evangelho ficaria fácil de ser interpretado, bastaria dizer que o homem não pode ser nenhum alienado em relação as estruturas do mundo e suas instituições, e também não pode ser materialista, divide em duas partes iguais, uma para Deus e outra para Cesar e está resolvido. A primeira vista parece ser isso mesmo, o Cristão deve ter os pés no chão da história, mas o olhar voltado para Deus. Seria um casamento entre a Fé e a razão. Vamos crer, celebrar, participar da comunidade, mas também cumprir nossos deveres de cidadãos, inclusive pagar nossos impostos submetendo-nos a ordem estabelecida. Mas não é isso!


Os Fariseus tentaram surpreender Jesus, mas como se diz popularmente, foram buscar sarna para se coçar, Jesus respondeu de maneira coerente, exatamente o que deveria ser respondido, mas os "Sabichões" nada entenderam. A questão não é simplesmente, se devemos pagar os tributos ou não, às vezes, com tanta roubalheira em nosso País, dá mesmo vontade de sonegar, mas nosso cristianismo não seria autêntico, se nos faltasse a ética cristã. O que está em jogo nessa conversa de Jesus com os Fariseus, é algo muito mais profundo: quem é o Ser Humano? Há algo nele que o faça diferente?

Uma moeda não cunhada não tem valor algum, a cunhagem lhe dá não só um valor, mas uma identidade, e aqui é bom lembrar que a imagem do Cesar Augusto, era sagrada já que havia o culto ao imperador. Aqui começamos a perceber que a discussão não se restringe apenas ao valor da moeda em si, mas sim a ideologia que está por trás disso.

Muito interessante porque diante de uma pergunta "Se era lícito ou não, o pagamento de imposto ao Império Romano", Jesus respondeu com outra pergunta "De quem é a imagem que está na moeda?" Só poderia ser de Cesar... Parece até que Jesus foi irônico, mas aqui está o "xis" da questão, o Fio da meada... O homem não foi criado à imagem e semelhança de Cesar, mas a imagem e semelhança de Deus. O homem não vale por aquilo que ele possui ou consome, mas por aquilo que ele é: Filho de Deus.

Nada, portanto, nesta vida, nem naquele tempo e nem hoje, pode substituir no mais íntimo do ser humano, essa imagem de Deus, e quanto mais humano em sua essência é o homem, mais vai se divinizando. O Imperador Romano vai pelo caminho contrário, e o homem da pós-modernidade também... Quando pretende ou tenta ocupar o lugar que pertence só a Deus. Iniciando esse processo de Divinizar-se a partir do TER e PODER , o resultado é inverso e o homem se desumaniza, torna-se irracional, perde a noção do certo e errado, não sabe mais discernir e só faz aquilo que lhe convém, isso é, que favoreça o seu Poder e isso leva o homem á degradação total, deixando de ser imagem e semelhança de Deus.

Jesus Cristo resgatou essa imagem que o Ser humano havia perdido e tornando-se Senhor e subjugando todas as coisas, tronos e potestades. Dar a Deus o que é de Deus, não é dar a metade, mas o nosso tudo, é ele que nos libertou, salvou e resgatou, e não os poderes do mundo ou as instituições. Em resumo, a Deus tudo, e ao tal do Cesar NADA, porque o homem que ocupa na vida do outro o lugar que pertence a Deus, nada Vale... E a Fariseuzada, que se julgava muito esperta, teve que ir embora, com o rabo entre as pernas... Mais uma vez...

José da Cruz é diácono permanente da
Paróquia Nossa S. Consolata-Votorantim/SP

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